Há uma espécie de consenso mundial sobre a importância de se avançar na definição e implementação de políticas educacionais que assegurem os princípios da Educação Inclusiva. Relatórios da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, 2021; 2020) sobre inclusão e educação na América Latina e Caribe, destacam a necessidade de apoio aos docentes para que eles possam assumir o atendimento à diversidade humana em suas atuações profissionais. Todavia, mesmo com 70% dos países da região prevendo leis ou políticas para a capacitação docente voltada para a Educação Inclusiva, mais de 50% de docentes no Brasil, na Colômbia e no México, por exemplo, relataram necessidade de desenvolvimento profissional voltado para aspectos específicos de estudantes com deficiência. E este é apenas um dos aspectos ligados à Educação Inclusiva. Na América Latina, as pesquisas têm indicado a necessidade de se produzir orientações curriculares que tenham implicações tanto na formação, quanto na atuação desses profissionais (Pogré, 2020). Nesse cenário, são nossas inquietações: Como a perspectiva da Educação Inclusiva tem sido contemplada nas diretrizes e na formação de docentes para a Educação Básica na América Latina? Quais as percepções de docentes sobre seus saberes, suas competências e habilidades para atuar com perspectiva inclusiva nas escolas? A partir disso, essa proposta visa fornecer uma análise abrangente das políticas e práticas de formação docente em países da América Latina, com vistas a contribuir para o desenvolvimento de estratégias eficazes para a melhoria contínua da educação e da profissão docente na região. De maneira específica, o projeto pretende: a) Analisar as políticas de formação docente em países da América Latina, identificando as principais diferenças e similaridades nos sistemas formativos; b) Identificar como aparecem os princípios da Educação Inclusiva nas diretrizes curriculares vigentes de formação de professores dos países escolhidos para análise; c) Analisar as perspectivas de professores sobre seus saberes, conhecimentos, competências e habilidades para atuar com perspectiva inclusiva nas escolas; e d) Explorar as matrizes curriculares com destaque para as Licenciaturas em Educação Especial do Brasil e Pedagogia em Educação Diferencial das universidades do Chile. À medida que o projeto avança, também têm surgido outras questões para investigação, por exemplo, as questões relacionadas aos formatos de estágios curriculares obrigatórios. Os procedimentos de geração e análise de dados contemplam: estudos documentais, revisões integrativas de literatura, utilização de questionários, formulários, entrevistas e observações, dentre outros. Espera-se que estes resultados contribuam para a sistematização e o compartilhamento de conhecimentos teórico-práticos que forneçam suporte para o delineamento de políticas educacionais que produzam percursos de formação profissional docente com vistas à atuação na Educação Básica numa perspectiva inclusiva.
Coordenação Geral
Jáima Pinheiro de Oliveira (UFMG); Gilmar de Carvalho Cruz (UNICENTRO/PR); Ricardo Cuenca (Universidad Nacional Mayor de San Marcos, Lima, Peru); Enicéia Gonçalves Mendes (UFSCar).
Equipe colaboradora
Cintia Maria Schwamberger (Universidad Nacional de San Martin – UNSAM); Georgina García e Aljandra Andrea Carrera Gallardo (Universidade de La Serena); Ícaro Belém Horta (Mestrado – PPGE/FAE/UFMG); Larissa Ribeiro (IC/FAFICH/UFMG); Josiane Pereira Torres (UFMG/SECADI/MEC); Juliana Carlos Guimarães (Doutorado Latino-Americano – PPGE/FAE/UFMG); Ketilin Mayra Pedro (UFSCar); Simara Pereira da Mata (Rede Municipal de Ensino/Rio Claro/SP).